CONVERSÃO


   Embora reconheça que em alguns momentos, o chamado de Deus seja algo difícil de ser ouvido, entendido ou até mesmo seguido, não encontro a mesma dificuldade para escrever. Afinal como terei dificuldade para escrever de algo que quando retorno toda trajetória, percebo a maestria e cuidado de Deus em traçar cada passo, sejam eles de vitórias ou não.
   Com certeza Deus faz parte desse chamado, e essa é a minha garantia, para atendê-lo com tanta destreza e interesse de fazer o melhor, pois diante de tal transformação, não há como ignorar a existência de um Deus poderoso que se preocupava comigo antes, tem liberdade para me conduzir hoje e me aguarda assim como eu o anseio em um futuro bem próximo.

ANTES DE CRISTO
   Considero que toda experiência de conversão, torna-se irrelevante quando escondemos questões do passado, pois são essas mesmas questões que testificam o poder de Deus na transformação do homem. Essa é a oportunidade do homem relacionar aquilo que ele era ao que passou a ser após um contato direto com Jesus Cristo.
   Diferente de muitas pessoas que tem o privilégio de nascer em lares cristãos, meu lar era tomado pela idolatria e espiritismo. Família dividida, idólatra, entregue a vícios.
   Para efeito de censos religiosos, éramos católicos, afinal foi lá que fomos batizados ainda na nossa infância, mas a verdade é que a família estava cada vez mais envolvida com a religião espírita, minha mãe era praticante, envolvida, e não eram aquelas sessões de mesa branca, numa casa bonita, para se comunicar com os mortos, como vemos em novelas, estou falando de macumba, umbanda, sessões em cemitérios, terreiros, liturgias cheias de sacrifícios cenas onde o diabo se manifestava usando pessoas e às conduzia em rituais durante toda madrugada. Fiz questão de iniciar meu chamado assim para que você entenda primeiramente o amor de Deus pelos perdidos.
   Com treze anos de idade tive meu primeiro contato com a igreja, não podia relacionar esse contato com o conhecimento profundo que eu tinha com as coisas no espiritismo, já se passavam alguns anos que eu vivia envolvido indiretamente naquela religião. Esse primeiro contato se deu quando me apresentaram uma organização chamada “Embaixadores do Rei” foi o primeiro passo, mas ainda não seria o principal para a situação que eu estava vivendo. Lembro-me até hoje dos acampamentos, estudos bíblicos feitos pelo pastor Genilson. Confesso que essas atividades me ajudaram a desenvolver conceitos interessantes, mas ainda não era o bastante. A fase da adolescência me reservava muitas coisas que só poderiam ser combatidas através de uma fé consistente que eu não tinha ainda.
   Um afastamento de apenas dois anos foi o bastante para que eu tivesse o conhecimento de muitas coisas que para a minha família naquelas condições era normal. Noitadas, namoradas e bebidas, conceitos que eu não havia aprendido na igreja, mas que faziam parte da minha vida e eu sentia prazer naquilo.
   Com dezessete anos voltei àquela igreja, e a forma que me receberam foi um dos fatores que contribuíram para que eu nunca mais saísse de lá.

DEPOIS DE CRISTO
   Depois da minha experiência de conversão me tornei um inconformado, não aceitava ver minha família naquelas condições. Todos os aconselhamentos que eu recebia apontavam para uma necessidade: ser luz dentro do meu lar e aguardar as maravilhas que Deus iria fazer através da minha vida. Para minha surpresa, não demorou menos que um ano e toda minha família começou a se dirigir aos pés do Senhor, minha irmã mais velha, minha mãe, meu pai e meu irmão caçula.
   O tempo foi passando e cada vez eu ficava mais religioso. Prestou atenção? Isso mesmo, religioso, adeus aquela intimidade com Deus que eu tinha quando queria alcançar minha família. Descobri uma coisa, religião não chama a atenção de Deus, mas chama a atenção do homem. Afinal, todos na igreja me conheciam bem, minha experiência de salvação, por onde eu passava lá vai o futuro pastor, olha o líder de embaixadores, líder de adolescentes. Eu no fundo achava que essa história de pastor era só por causa da influência na igreja e que Deus não tinha nada a ver com isso.
   No ano de 2004, viajei para Santa Catarina para ingressar na Escola de Aprendizes Marinheiros e, de jovem religioso, passeia a ser alguém totalmente distante de Deus. Foi um ano atrasando o chamado de Deus em minha vida e embarcando em situações que me deixam marcas até hoje, porém serviram para me ensinar muitas coisas.
   Em 2005 quando eu regressei, encontrei uma igreja de braços abertos me tratando com a mesma intensidade, mesmo amor, pensando que eu era o mesmo líder dedicado, porém eu não era, e o problema é que poucos sabiam disso e as apostas no meu chamado continuavam cada vez mais altas.
  Foi preciso que eu passasse um ano inteiro dentro da igreja ferido, sofrendo as conseqüências do meu pecado para que então eu me reconciliasse com esse Deus maravilhoso.
  Após minha reconciliação, aquele sonho de ser um marinheiro, viajando constantemente, se tornou um pesadelo, não conseguia ficar longe de casa, longe da minha família, longe da minha igreja, sem fazer as coisas de Deus. Comecei a sofrer demais nesse ambiente militar de trabalho.
  Quando fui chamado para o curso de CABO da Marinha fiquei assustado, esse curso me daria uma remuneração maior, porém eu iria viajar mais e talvez até ser movimentado para fora do Rio de Janeiro novamente. Não pensei duas vezes, me escrevi no concurso para Polícia Militar, passei e comecei fazer os exames para ser desligado da Marinha. Nessa hora Deus começou a agir. Em uma das etapas do exame, precisava chegar ao local marcado às 08:00 da manhã, eu já havia percorrido esse percurso da minha casa até o local várias vezes em torno de quarenta minutos. Naquele dia por providência divina, hoje eu sei disso, saí de casa as 06:30 da manhã junto com minha esposa que ia para o trabalho e cheguei ao meu destino as 09:30 da manhã, com isso perdi aquela etapa do concurso sendo eliminado e perdendo as expectativas de sair da marinha.
   Na semana seguinte, muito inconformado e sem saber o que Deus estava fazendo, afinal eu tinha pedido a Ele que se não fosse de Sua vontade que me eliminasse no início do concurso e eu já tinha passado por várias fazes, eu não entendia. Dirigi-me há uma igreja numa manhã de sábado um culto de adoração, estava em busca de respostas, ansiando em ouvir a voz de Deus. Ainda no início daquele culto, Deus usou a pessoa que conduzia aquele momento de adoração de forma tremenda para começar a falar diretamente comigo usando as seguintes expressões:
   - Pare de se preocupar com o que você quer ser, se preocupe com o que eu quero que você seja.
   Até esse momento, você deve estar pensando, é mais uma dessas revelações bem genéricas, que jovem não tem essa preocupação. Eu também pensei, até ouvir a segunda expressão:
   - Pastor Tony, se levanta para apascentar minhas ovelhas. Eu bem sei que muitas pessoas já te falaram isso, mas agora que está falando é o Seu Deus. Não se preocupe, as coisas irão acontecer o mais rápido que você imaginar.
   Era tudo que eu precisava, Deus tratou diretamente comigo. Ele nunca tinha sido tão direto.
   Desde aquele dia várias coisas aconteceram consecutivamente confirmando esse meu chamado conduzindo-me em decisões importantes na minha vida, como o pedido de demissão da marinha. Diante desta que considero ser uma das decisões mais importante que tomei, abrindo mão de uma estabilidade financeira e um sonho de longas datas, abro um parêntese para ressaltar a importância da presença da minha esposa ao meu lado, nesse momento crucial. Sem ela faltaria força para manter minha posição firme diante de uma decisão tão importante.
   Hoje tenho provado mais de Deus, tenho adquirido respostas às minhas orações, tenho comprovado que Deus é provedor e tenho seguido o meu chamado.
   Quer saber como?

OLHA SÓ O QUE ELE ESTÁ FAZENDO
     Hoje sou formado no curso de Bacharel em Teologia no Seminário Teológico Oeste, estou cursando Licenciatura em História na FEUC e pastoreando a Primeira Igreja Batista da Caroba - Campo Grande - RJ.                                                            
   Tenho desenvolvido o ministério da palavra, sendo assim instrumento de Deus em diversas igrejas, ministrando para Adolescentes e Jovens, contribuindo para a revitalização de grupos e ajudando na capacitação de líderes.
   Como a maioria das pessoas dentro da minha denominação, tenho também um amor incontestável pela educação teológica, desenvolvo estudos, escrevo artigos, e trabalho no Seminário Teológico do Oeste. Graças a Deus consigo me articular entre todas as gerações na igreja, porém me identifico com juventude, sejam eles solteiros ou jovens casados.
   Concluo deixado claro que embora eu tenha citado aqui várias atividades que pela misericórdia de Deus por mim foram e são desenvolvidas até hoje. Elas não são o motivo da minha adoração. Eu adoro a Deus, pois ele me chamou, me escolheu, tem me capacitado e creio que continuará capacitando nas situações mais adversas que irão se levantar no decorrer desse meu chamado.